Correr por
campos de flores a perder de vista, apanhar o cabelo e fazer esvoaçar
um vestido comprido e florido numa tarde quente de Verão. Essa é a
proposta de Kenzo para esta estação com a fragrância Madly Kenzo.
Uma lufada de ar fresco criada pelo perfumista Aurélien Guichard,
para quem um perfume se compara a uma pintura, por ser mais do que a
soma das suas matérias-primas, por os aromas serem cores que
despertam emoções. Um cheiro. Um vício. Um momento de criação e
loucura.
Qual é a
importância da cidade de Grasse no seu percurso profissional?
Grasse
representa as minhas raízes e aquilo que é realmente fundamental: a
família, os amigos, pessoas com grandes qualidades que vivem da
perfumaria, o jasmim em Agosto, a rosa em Maio, a mimosa...a vida, a
perfumaria e a natureza. É mágico. É por estas razões e muitas
outras que considero Grasse um local a que tenho necessariamente que
voltar, para regressar às origens, para regressar ao que é
importante.
Qual é o
primeiro aroma de que se recorda? Que emoção provoca em si?
O primeiro
aroma de que me recordo: era Agosto, durante a colheita do jasmim. As
mãos do meu pai impregnadas do aroma das flores colhidas pelas
mulheres do campo (ou talvez fosse o aroma do meu pai, era demasiado
novo, não me recordo bem). Ainda hoje, cheiro uma flor de jasmim
grandiflorum e revivo momentos da minha infância. A emoção é
imediata.
Quando
começou a interessar-se profissionalmente pela arte da perfumaria?
Cresci
rodeado de pessoas com um profundo respeito pela criação em geral
(a minha mãe é escultora, o meu pai perfumista), e na área da
perfumaria em particular. A perfumaria é uma maneira de viver. Gosto
dessa vida, vivo assim. Os perfumes são mágicos. As matérias-primas
ou ingredientes são cores que falam...tal como, na pintura, o valor
da tela não está associado à soma do valor das cores. Em
perfumaria, também é assim. O valor de um ‘sumo’ não está
associado à soma do valor das matérias-primas, mas sim à ideia, à
sua realização e à emoção que transmite: essa é a arte da
perfumaria.
O que o
motivou a tornar-se perfumista?
A meu ver,
os perfumes contam encontros. É disso que gosto. As matérias-primas
ou ingredientes são cores que falam...
Quais são
as suas fontes de inspiração?
As pessoas.
Amigos, uma desconhecida, uma silhueta, um estilo, um conhecido, uma
pessoa famosa, não importa quem...procuro sempre alguém que encarna
aquilo que eu quero exprimir. Depois, componho a minha criação
pensando nessa pessoa.
O que
representa, para si, um perfume? O que diz de uma pessoa?
Uma emoção.
Eventualmente um vício.
Em que é
que se inspirou para criar Madly Kenzo?
Numa
mulher-artista. Uma mulher que cria e que é, simultaneamente, bela e
livre no seu acto criativo.
O que
procurou transmitir?
Uma emoção
positiva e feminina, um vício feliz, um perfume livre, uma
sensualidade diferente, uma ‘floralidade’ universal.
Qual foi
a inspiração na origem da comunicação de Madly Kenzo? Participou
na sua criação?
Criar um
perfume único, livre como o ar e esquecendo um pouco o lado
racional. Não, não estive implicado na comunicação. Sou apenas
perfumista.
Entrevista publicada originalmente na revista Perfumes & Companhia
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